descobrindo a essência do ser
Elisa Dorígon / Especial "Em Aquarius"
Porto Alegre/RS - Outubro/2003


Como foi seu primeiro contato com o mestre Osho e o que significa ser um sannyasin?

Satyaprem - Diz-se na india, que qdo um discipulo esta pronto, o mestre aparece. Foi bem assim. Tinha uns 21 anos, estava bastante confuso, um preto-velho falou que eu estava sendo guiado por um mestre do oriente e que eu saberia dele em seguida. Neste momento não tinha nem ideia quem Osho era. Meses mais tarde uma vidente, refez a mesma afirmação. Logo em seguida, um amigo apareceu todo de vermelho e me convidou a meditar. Foi isso: tinha encontrado o que buscava. E tornei-me sannyasin, classicamente um renunciante, que para o Osho tem uma outra conotação: ser total, deixar a vida te levar...

Em tua caminhada encontrastes outros mestres igualmente iluminados?

Satyaprem - Três ou quatro, em corpo. E fui inspirado por muitos outros através de leitura e pesquisa.

Em seus textos você fala em "parar a caminhada". Como é isto e como foi a tua experiência pessoal. Quem encontrastes?

Satyaprem - A mente, o ego, quer algo. Esse algo, em geral é uma idéia, uma fantasia, algo imaginado. Caminhamos em direção a algo que imaginamos. Se pararmos de imaginar, paramos de caminhar em direção ao imaginado, ficamos com o real, evidente aqui e agora. Encontrando aquilo que não está no tempo... a natureza essencial, a paz, a verdade, a liberdade...

O que são a Experiência Zero e Espelho Vazio?

Satyaprem - São encontros intensivos com aquilo que não pode mais ser negado, através de investigações objetivas, saímos do imaginário e entramos no real. Sem buscar uma experiência, o experienciador que se auto cria incessantemente através do pensar, começa a enpalidecer no encontro com algo sereno que é teu ser... e não depende do pensar. Portanto, sem pensar em existir, EU SOU...

Como tu definirias teu trabalho? Pode ser considerado terapêutico?

Satyaprem - Um não-trabalho, uma brincadeira de expansão para dentro daquilo que já é, aqui e agora, ad eternum... Não é terapêutico, na medida, que não liga com o ego esse lero-lero, vamos além da mente, meditação pura, um pensar correto. Mas eleva o ser humano, torna-o livre das formas e dos nomes. Nesse sentido, generalizando, pode ser chamado de terapeutico. Não esqueçamos, no entanto que terapia é um remédio, uma medicina para um doente, remedia uma condição. Satsang, esse não-trabalho, joga o doente e a doença fora, evoca uma transcendência. Um não fazer...

Quais as técnicas que são usadas para que aconteça este despertar individual?

Satyaprem - Remover a mentira, o improvável do ambiente mental, e a verdade brilha só e onipotente. Sentar em silencio e buscar uma resposta não-mental para a pergunta "quem é você"...

Na tua opinião, haverá um despertar coletivo da humanidade?

Satyaprem - Dificilmente, pois afetaria leis de equilibrio da dualidade onde a humanidade existe, seria como todos os nossos dias fossem feitos somente de sol... o despertar evoca o dormir. Uns dormem, outros acordam. Que sentido haveria acordar se não houvesse ninguém dormindo? No entanto, a humanidade está vivendo um momento de imenso de despertar que vai mudar o jeito de trocar-mos uns com os outros. A ciência, neste momento, está constatando as milenares descobertas religiosas como verdadeiras. Sem o mítico e supersticioso, obviamente. Não é roupa que faz o palhaço!

Seu trabalho é provocativo e polêmico? Porque?

Satyaprem - Porque questiona o estabelecido, o preguiçoso, a mentira social, a hipocrisia religiosa...

Tu dirias que és um homem livre?

Satyaprem - O que sou é liberdade em si, nem homem, nem mulher.

Um lugar ideal para viver...

Satyaprem - Aqui e agora!

Um dia perfeito é...

Satyaprem - Todo o dia...

Meu lema de vida é...

Satyaprem - Um mistério a ser vivido, não um problema para ser resolvido (Osho)

Sou contra...

Satyaprem - Ser contra...

Sou a favor...

Satyaprem - Ser a favor, deixando o rio da vida me levar...

O ser humano para ser feliz deveria...

Satyaprem - Descobrir quem ele é!